Monday, May 29, 2006

Béne Lá Déme

- Foi o Béne Lá Déme!
- Foi quem?
- O Béne Lá Déme, não conheces?!
- Eu não! – Disse agressivamente, para ocultar toda a minha ignorância. Béne Lá Déme, murmurei tentando procurar nos recantos da minha pobre inteligência alguma coisinha ou indício que me ligasse ao que quer que fosse. Bén Lá Déme, que raio! Béne… Os franceses continuavam a olhar-me incrédulos enquanto pensavam entre si que espécie de ser era eu que não sabia quem era o Béne Lá Déme. Nessa altura o meu pensamento já andava a correr os vários clubes de futebol à procura de um Béne Lá Déme (Estava já a conseguir um estremo direito, vejam lá!, comprado pelo Porto no oriente). Se o Béne Lá Déme fosse músico eu deveria saber, por isso é que decidi investir algum tempo de pesquisa mental no futebol do qual nada percebo. Um dos franceses mais incrédulos pelo facto de eu não saber quem era o Béne Lá Déme lá esforçou uma nova pronúncia:
- Béne Laden.
- Ah!- Disse eu - O Bin Laden! É evidente que conheço!
Suspiraram em uníssono.
A França não se bate contra os mesmos terroristas com os quais se batem os Estados Unidos da América e o Reino Unido. Aqui está a razão, até agora escondida ou incompreendida, pela qual a França não apoiou os ingleses e americanos aquando da guerra no Iraque. É que os Americanos queriam capturar os terroristas errados: O Bin Laden e o Saddam Hussein. Enganaram-se os pobres dos americanos! Os terroristas, conhecidos como terroristas, e mais procurados pela França chamam-se Béne Lá Déme e Sadáme Iuséne, respectivamente. Agora compreendo a postura das entidades francesas bem como compreendo a atitude do governo português da altura, que apoio os americanos. Em Portugal também andávamos à cata dos mesmos terroristas que os americanos.
Há muitas coisas que não existem na França. Por exemplo, eles não têm um Mac Donald mas têm uma cadeia de fast-food parecida mas que não é a mesma coisa. Se lhes perguntarmos pelo Mac Donald eles dizem-nos que o Mác Dônálde (Mác Dô para aqueles que são tu lá tu cá comigo) fica para ali. Na música acontece o mesmo, por exemplo, os Dire Straits nunca tocaram na França mas os Daiérre Straite vão lá dar umas guitarradas de tempos a tempos.
Cada vez mais sinto que a França é um mundo à parte!
Calma que há coisas piores. Há coisas bem piores! Pior do que ler à letra em francês nomes anglo-saxónicos é tentar, como os espanhóis, traduzir todos os estrangeirismos para espanhol. Em Espanha os Rolling Stones não existem. Lá, os Rolling Stones são a sombra dos Piedras Rolantes. Eu nunca daria 100 Euros para assistir a um concerto dos Calhaus Rolantes em Portugal. Em Portugal já me chega ter que aturar o que se passa no cinema. Os filmes são feitos nos EUA com um título e pelo caminho algo se passa (deve ser das correntes frias do oceano Atlântico) que eles chegam a Portugal completamente transformados. A Sofia Coppola criou o excelente Lost In Translation, eu em Portugal assisti ao igualmente surpreendente “O Amor é um lugar estranho”. Pelo menos os actores falavam a mesma língua e tinham o mesmo tom de voz do original americano. Valha-nos ao menos isso!

1 Bocas:

Blogger leslie Disse...

This comment has been removed by a blog administrator.

8:54 PM  

Post a Comment

<< Home